Arrebenta

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Arrebenta, um heterónimo português, do séc. XXI







"Com uma tal falta de literatura, como há hoje, que pode um homem de génio fazer, senão converter-se, ele só, em uma literatura?"
Fernando Pessoa



Arrebenta nasceu, em Lisboa, em 16 de maio de 1970, ao meio dia exato. De seu nome de batismo, Miguel Murtosa, preferiu adotar le petit nom com que os colegas o tratavam, pelo modo desajeitado como lidava com as palavras.


De estatura média, sempre preferiu as leituras próprias aos ensinamentos da escola.


Persistente, como os Touros, concluiu, por tédio, um Curso de Engenharia Civil, embora de há muito soubesse que a sua verdadeira evocação era a Escrita.
Minucioso com as palavras, mede-as com uma precisão matemática.
Como qualquer intelectual, nutre pelo trabalho, que não o artístico, uma irreverente displicência.


A sua hora nobre de produção é a Noite, onde, sem ensaio prévio, todas as referências da Ciência se misturam com as minúcias do seu ecletismo de colecionista artístico. Esteta, e homófilo sibarita, melhor do que ninguém, cedo descobriu que o "David", de Miguel Ângelo, era tão belo como a Equação de Schrödringer.


Politicamente, é de uma liberdade sem limites, e ainda sonha com uma democracia aristocratizada, cuja religião assentasse nas contemplações do Xintoísmo.


Não fosse Portugal a Grécia do Feio, a bruxa esquálida, que fende os ares, como Pascoaes a definiu, preferiria ter enveredado pela edição de contos fantásticos, com a concisão de Borges, o onirismo de Stevenson ou o cosmopolitismo de Saki, mas cedo percebeu que Portugal não era o lugar ideal para a edição das coisas belas, e voltou, então, o seu talento narrativo para a crítica, na velha tradição da sátira e do sarcasmo peninsulares, demolindo, um atrás de outro, os falsos ídolos da Política e da Cultura do seu tempo.

Estilisticamente, usa a língua como um instrumento de percussão, entre o cirúrgico do raciocínio, e a acutilância da palavra, em todos os seus registos, desde o poético à agressão vernácula, tal como Sade e Artaud lhe ensinaram. Detesta Inglaterra, as brumas, e tudo o que tenha a ver com o mau gosto dos "ilhéus".


Da sua autoanálise estética, referencia três "maneiras", ou períodos: um, arcaico, em que, na forma de "Graffiti", pouco elaborado, vandaliza as páginas do "Expresso online"; uma segunda maneira, em que, no "Great Portuguese Disaster" e no "Braganza Mothers I", oscila entre o panfletário e o ideológico, e uma terceira maneira, ao longo das posteriores versões do "The Braganza Mothers", em que, inspirado pelo glorioso trabalho do "Kaos", se torna num impiedoso pensador lapidar, e num sarcástico ideólogo do Tempo da Decadência.


Despreocupado com o futuro, sabe que um dia decidirá, com um sorriso, não escrever mais, para, então, finalmente, se poder concentrar nas suas leituras clássicas, sempre as mesmas, um poema de Li-Bai, datado do séc. VIII, uma melancólica página noturna, de Kavafis, ou um manifesto solar, de Álvaro de Campos, tentar imaginar um novo capítulo, que se pudesse encaixar, em Don Quijote, ou perder-se no tempo polissémico de uma infinita página de Proust.
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Opera Omnia

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